Há quase 30 anos, o sonho de Zé Barbudo é criar um dos maiores museus da agricultura do mundo em Rio Verde. O problema é que nesse tempo ele acumulou tanta coisa que fica difícil classificar a coleção. Além de caminhões, tratores, camionetes e máquinas agrícolas de diversas épocas e partes do planeta, ele ocupa um lote inteiro e parte da sua torneadora mecânica com um acervo que ajuda a entender o desenvolvimento da região.
Em meio ao amontoado de peças de veículos, pedaços de madeira e muita poeira, ele exibe pérolas com um Ford 29, que aguarda na fila para ser restaurado, e um caminhão 1933 também da Ford. “Foi o primeiro motor 8 cilindros. O famoso V8”, gaba-se. O motor foi todo refeito e o desafio agora é reformar todo o veículo. Ao lado do caminhão fica uma camionete Chevrolet 1951. “Um colecionador me ofereceu uma Chevrolet S 10 novinha em troca dela, mas eu não aceito”, diz, mostrando no mesmo lugar carros de boi com placas da década de 1930, uma máquina que era usada para bater grãos de arroz, um caldeirão com pelo menos 150 anos onde era preparada a comida para comitivas de escravos que vinham da Bahia, uma ambulância militar ano 1940, patrolas e plantadeiras de todos os modelos, bicicletas importadas com 70 anos de fabricação, um fusca, um jeep Candango, lambretas e até carrinho de picolé antigo.
Apesar da diversidade de objetos, o forte da coleção é a agricultura. Desde 1981, quando começou a comprar máquinas e peças agrícolas, já restaurou cerca de 20 tratores. Alguns deles ficam expostos no Centro Tecnológico da Comigo. Lá estão máquinas trazidas de países como EUA, Alemanha e Dinamarca em perfeito estado de conservação. Destaque para um Lanz Bulldog, um modelo fabricado em 1940 na extinta Iugoslávia. “A primeira com paralamas na dianteira”, ensina.
Para ampliar a coleção, Zé Barbudo vive na estrada. Já adquiriu máquinas em diversos estados brasileiros e recentemente percorreu mais de 2 mil quilômetros para comprar um trator na divisa do Brasil com o Uruguai. Pagou satisfeito R$ 7.500,00 por um Case 1930 com rodas de ferro. Completamente restaurado, o quase centenário trator agora parece ser novinho em folha.
Hoje com 66 anos, José Antônio de Paula, o Zé Barbudo, acredita que a organização da sua coleção em um museu da agricultura teria enorme potencial para a cultura e o turismo de Rio Verde. Ele busca apoio para concretizar o sonho, mas não abre mão de que o local seja em uma área nobre. Ele fala que o município foi o primeiro a conhecer a mecanização da agricultura em Goiás. “Foi aqui que tudo começou.”
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