segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Culturama: A casa do major
A origem do sobrado que hoje abriga a Academia Rio-verdense de Letras, Artes e Ofícios e a Fundação Municipal de Cultura remonta o período de escravidão no final do século 19. Conta a história que Frederico Gonzaga Jayme, o “major” Frederico, comprou a obra inacabada para fundar a Casa Jayme no térreo e estabelecer residência no andar superior. Nascido aos pés da Serra dos Pireneus no dia 9 de agosto de 1873, ele deixou a cidade de Pirenópolis a cavalo para se instalar em Rio Verde com a esposa Muzarta Siqueira e um filho ainda pequeno.
Herdeiro de um dos sobrenomes mais tradicionais da política goiana, Frederico foi deputado estadual por duas vezes e intendente do município até ser deposto pela Revolução de 30. Além da forte atuação política, ele exerceu também a medicina. Isto é, na falta de médicos “curava” os pacientes com base em livros sobre enfermidades. Utilizava plantas e produtos comercializados em sua própria loja. Considerado o patriarca da família Jayme – e mulherengo inveterado- deixou aproximadamente 100 filhos, dentro e fora do casamento. Era coisa de família: o irmão, o ex-governador da Província Luis Gonzaga de Camargo Fleury, foi assassinado a facadas em 1921 por um marido traído quando era senador da República no Rio de Janeiro. O pai, João Gonzaga, teve inúmeros filhos com suas ex-escravas.
O casarão, onde Frederico e dona Muzarta criaram os filhos (ou parte deles), foi palco de grandes festas dançantes da cidade na primeira metade do século passado. Ali também funcionou a primeira loja maçônica da região, a “Estrella Rioverdense”, fundada em 1936. Depois de muitos anos de abandono, o prédio foi reformado em 2005 pela Prefeitura de Rio Verde sem muita preocupação com a preservação das características originais da estrutura.
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